sexta-feira, julho 31, 2009

Em luta!

Jerónimo de Sousa saúda emigrantes portugueses



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O monumento de homenagem ao Emigrante, junto à estação de Santa Apolónia, em Lisboa, foi o local escolhido pelo PCP, para prestar contas do trabalho desenvolvido na Legislatura que chegou agora ao fim. Como afirmou o deputado Jorge Machado, "não obstante não termos nenhum deputado eleito pela emigração, a CDU desenvolveu um trabalho intenso e intimamente ligado aos emigrantes e seus problemas". Nesta acção participaram activistas da CDU que se encontram de férias em Portugal, as candidatas pela Europa, São Belo e Vera Pontes, os mandatários da CDU pelos dois círculos da Emigração, Luciano Caetano da Rosa (Europa) e Julio Rosado (Fora da Europa).



















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domingo, julho 26, 2009

Objetivo central: uma viragem democrática

Em Portugal não só se atravessa uma situação particularmente grave como poderá ter desenvolvimentos ainda mais agravantes, se o povo português não puser fim à política da direita desenvolvida pelo governo do PS e PSD em conjunto preparam contra o povo, contra o país, contra a democracia, contra os interesses nacionais.

Já ninguém contesta que o voto no PS traduziu a esperança numa mudança. O PS enganou o eleitorado, e o eleitorado que tinha tal esperança enganou-se de votar no PS.

Têm razão aqueles que dizem que a política de direita com o Governo PS é ainda mais perigosa do que a do Governo PSD com Cavaco. Primeiro pelo fato do PS se afirmar um partido de esquerda. Depois pelo “novo estilo”do Primeiro Ministro que sorridente e mediático convida ao diálogo. . . Embora tapando previamente os ouvidos.

PS e PSD oferecem o carnavalesco espetáculo de exaltadas batalhas verbais, de desacordos, de ultimatos de fim de semana como o dedo no gatilho de pistolas de alarme. Com o estrondo imediático da farsa, procuram esconder a real identidade das suas políticas e os entendimentos já estabelecidos ou em vias de se estabelecerem.

Um e outro estão a serviço dos grandes grupos econômicos. Um e outro defendem a liquidação de direitos vitais dos trabalhadores. Um e ouro fomentam a acumulação de riqueza para uns e o alastramento de desemprego e da miséria.

Um e outro são responsáveis pela destruição da nossa agricultura, da nossa indústria, das nossas pescas.

Um e outro defendem a irresponsável corrida para a Moeda Única que, longe de evitar a marginalização de Portugal agravará ainda mais a posição de Portugal como país periférico, marginalizado, submetido e submisso às imposições da União Européia e dos Estados Unidos.

É, porque são cúmplices na política, são também cúmplices na proteção recíproca dos abusos, das ilegalidades, da corrupção nas mais altas esferas do poder, procurando paralisar e desautorizar o Ministério Público, os Tribunais, e a sua independência.

E um novo perigo aí está. A “reforma do regime político”com o qual o PS e PSD visam institucionalizar, através da revisão da Constituição e de leis eleitorais antidemocrática, a partilha do poder entre os dois partidos num sistema de alternância, ora um, ora outro, disputando o poder mas, qualquer deles, a serviço do grande capital.

Esta política não serve nem ao povo nem ao país. Prosseguindo conduzirá a um verdadeiro desastre nacional. É imperioso lutar para pôr-lhe fim e assegurar um Novo Rumo para Portugal.

Os trabalhadores, o povo, a democracia e Portugal precisam de um governo democrático com uma política democrática, precisam de um governo patriótico que, ao contrário do atual, que se põe de joelhos ou de cócoras na União Européia e nas relações com os Estados Unidos, esteja de pé na cena internacional defendendo com brio, dignidade e coragem os interesses portugueses.

Mentem os que propagandeiam que não existe qualquer política capaz de resolver os problemas do povo e do país.

Por mais que PS e PSD queiram impedir que o povo a conheça, tal política existe. O nosso XV Congresso aqui está para confirmá-la. E a política que o PCP propõe ao povo português e da qual os documentos do Congresso indicam as linhas fundamentais.

A vida tem demonstrado e setores cada vez mais amplos da população reconhecem que mesmo na oposição o PCP é um partido insubstituível, necessário, indispensável ao povo, à democracia, a Portugal. E a vida tem mostrado mais. Tem mostrado ano após ano que, sem o PCP, e muito menos contra o PCP não é possível pôr fim à política de direita e alcançar uma viragem democrática na política nacional.

E cabe acrescentar ainda algumas palavras sobre essa matéria.

Tal como nas autarquias, os comunistas têm demonstrado sua superior capacidade de dirigir o poder local democrático, tal como na Assembléia da República e no Parlamento Europeu, os comunistas têm mostrado a sua superior competência para apresentar soluções para problemas. Também no que respeita ao governo, no dia em que o povo o quiser, repito, no dia em que o povo quiser, e esse dia chegará, os comunistas estarão preparados e inteiramente capazes de assumir as mais altas responsabilidades.

sexta-feira, julho 24, 2009

Comendo na marisma

"Vosotros, que surgiréis del marasmo en el que nosotros nos hemos hundido, cuando habléis de vuestras debilidades, pensad también en los tiempos sombríos de los que os habéis escapado. Cambiábamos de país como de zapatos a través de las guerras de clases, y nos desesperábamos donde sólo había injusticia y nadie se alzaba contra ella. Y sin embargo, sabíamos que también el odio contra la bajeza desfigura la cara. También la ira contra la injusticia pone ronca la voz. Desgraciadamente, nosotros, que queríamos preparar el camino para la amabilidad no pudimos ser amables. Pero vosotros, cuando lleguen los tiempos en que el hombre sea amigo del hombre, pensad en nosotros con indulgencia."

Se não tivesse de Brecht lido nada mais que isto, poderia considerá-lo, como Lenine a Kautsky, "um revolucionário a crédito"!
Não querendo com isto suscitar qualquer tipo de confrontação, penso que legalmente se fica aquém do necessário, os organismos que deviam intervir, as associações, alguns partidos, colectivos, mantêm uma postura que considero amedrontada demais, parecendo mais interessados em não agitar a estructura de suporte que criar uma nova.

Ficam umas questões pertinentes, sem que por tal se lhe olhem os dentes (encontradas num artigo do "Xatoo" e, seguramente, publicadas por razões diferentes):

“…tenho umas perguntas a sugerir à nossa prestimosa comunicação social, que anda sempre com falta de assuntos e é muito distraída, sobretudo nesta altura em que o Sr Presidente da Républica resolveu ter assomos de ética pública :
1ª - A quem é que Cavaco e a filha compraram, em 2001, 254 mil acções da SLN, grupo detentor do BPN? o PR disse há tempos, em comunicado, que nunca tinha comprado nada ao BPN, mas «esqueceu-se» de mencionar a SLN, ou seja, o grupo que detinha o Banco. Como as acções da SLN não eram transaccionadas na bolsa, a quem é que Cavaco as comprou? À própria SLN? A algum accionista? Qual accionista? (Sobre este ponto, ver adiante.)

2 ª- Outra pergunta que não me sai da cachimónia: Como é que foi fixado o preço de 1 euro por acção? Atiraram moeda ao ar? Consultaram a bruxa? Recorreram a alguma firma especializada? Curiosamente, a transacção foi feita quando o BPN já cheirava a esturro, quando o Banco de Portugal já «andava em cima do BPN», ao ponto de Dias Loureiro (amigo dilecto de Cavaco e presidente do Congresso do PSD), ter ido, aliás desaconselhado por Oliveira e Costa, reclamar junto de António Marta, como este próprio afirmou e Oliveira e Costa confirmou.

3ª - Outra pergunta: Cavaco pagou? E se pagou, fê-lo por transferência bancária, por cheque ou em cash? É importante saber se há rasto disso. Passaram dois anos. Em carta de 2003 à SLN, Cavaco alegadamente «ordenou» a venda das suas acções, no que foi imitado pela filha. Da venda resultaram 72 mil contos de mais valias para ambos. Presumo que essas mais valias foram atempadamente declaradas ao fisco e que os respectivos impostos foram pagos. Tomo isso como certo, nem seria de esperar outra coisa. Uma coisa me faz aqui comichão nas meninges. Cavaco não podia «ordenar» a venda das acções (como disse atrás, não transaccionáveis na bolsa), mas apenas dizer que lhe apetecia vendê-las, se calhasse aparecer algum comprador para elas. A liquidez dessas «poupanças» de Cavaco era, com efeito, praticamente nula. Mas não é que apareceu prontamente um comprador, milagrosamente, disposto a pagar 1 euro e 40 cêntimos de mais valia por cada acção detida pela família Cavaco, quando as acções nem cotação tinham no mercado. E quem foi o benemérito comprador, quem foi? Com muito gosto esclareço, foi uma empresa chamada SLN Valor, o maior accionista da SLN.
Cita-se o Expresso online:
«Cavaco Silva e a filha deram ordem de venda das suas acções, em cartas separadas endereçadas ao então presidente da administração da SLN, José Oliveira Costa. Este determinou que as 255.018 acções detidas por ambos fossem vendidas à SLN Valor, a maior accionista da SLN, na qual participam os maiores accionistas individuais desta empresa, entre os quais o próprio Oliveira Costa.» Ou seja, Oliveira e Costa praticamente ofereceu de mão beijada 72 mil contos de mais-valias à família Cavaco. E se foi Oliveira e Costa também a fixar o preço inicial de compra por Cavaco, então a coisa é perfeitamente clara. Que terá acontecido entre 2001 e 2003 para as acções de uma empresa que andava a ser importunada pelo Banco de Portugal terem «valorizado» 40 %?

Falta, neste ponto, esclarecer várias coisas, a primeira das quais já vem de trás:
1. a quem comprou Cavaco e a filha as acções?
2. terá sido à própria SLN Valor, que depois as recomprou?
3. porque decidiu Cavaco vendê-las? Não tendo elas cotação no mercado, Cavaco não podia a priori esperar realizar mais-valias.
4. terá tido algum palpite, vindo do interior do universo SLN, só amigos e correligionários, para que vendesse, antes que a coisa fosse por água abaixo?
5. terá sido cheiro a esturro no nariz de Cavaco? Isso é que era bom saber!
6. porque quis a SLN Valor (re)comprar aquelas acções? Tinha poucas?
7. como fixou a SLN valor o preço de compra, com uma taxa de lucro bruto para o vendedor de 40% em dois anos, a lembrar as taxas praticadas pela banqueira do povo D. Branca?
Por hoje não tenho mais sugestões de perguntas à comunicação social."

O Lugar do Imperialismo na História

Como vimos, o imperialismo é, pela sua essência econômica, o capitalismo monopolista. Isto determina já o lugar histórico do imperialismo, pois o monopólio, que nasce única e precisamente da livre concorrência, é a transição do capitalismo para uma estrutura econômica e social mais elevada. Há que assinalar particularmente quatro variedades essenciais do monopólio, ou manifestações principais do capitalismo monopolista, características do período que nos ocupa.

Primeiro: o monopólio é um produto da concentração da produção num grau muito elevado do seu desenvolvimento. Formam-no as associações monopolistas dos capitalistas, os cartéis, os sindicatos e os trusts. Vimos o seu enorme papel na vida econômica contemporânea. Nos princípios do século XX atingiram completo predomínio nos países avançados, e se os primeiros passos no sentido da cartelização foram dados anteriormente pelos países de tarifas alfandegárias protecionistas elevadas (a Alemanha, os Estados Unidos), a Inglaterra, com o seu sistema de livre-câmbio, mostrou, embora um pouco mais tarde, esse mesmo facto fundamental: o nascimento de monopólio como conseqüência da concentração da produção.

Segundo: os monopólios vieram agudizar a luta pela conquista das mais importantes fontes de matérias-primas, particularmente para a indústria fundamental e mais cartelizada da sociedade capitalista: a hulheira e a siderúrgica. A posse monopolista das fontes mais importantes de matérias-primas aumentou enormemente o poderio do grande capital e agudizou as contradições entre a indústria cartelizada e a não cartelizada.

Terceiro: o monopólio surgiu dos bancos, os quais, de modestas empresas intermediárias que eram antes, se transformaram em monopolistas do capital financeiro. Três ou cinco grandes bancos de cada uma das nações capitalistas mais avançadas realizaram a "união pessoal" do capital industrial e bancário, e concentraram nas suas mãos somas de milhares e milhares de milhões, que constituem a maior parte dos capitais e dos rendimentos em dinheiro de todo o país. A oligarquia financeira, que tece uma densa rede de relações de dependência entre todas as instituições econômicas e políticas da sociedade burguesa contemporânea sem excepção: tal é a manifestação mais evidente deste monopólio.

Quarto: o monopólio nasceu da política colonial. Aos numerosos "velhos" motivos da política colonial, o capital financeiro acrescentou a luta pelas fontes de matérias-primas, pela exportação de capitais, pelas "esferas de influência", isto é, as esferas de transações lucrativas, de concessões, de lucros monopolistas, etc., e, finalmente, pelo território econômico em geral. Quando as colônias das potências européias em África, por exemplo, representavam a décima parte desse continente, como acontecia ainda em 1876, a política colonial podia desenvolver-se de uma forma não monopolista, pela "livre conquista", poder-se-ia dizer, de territórios. Mas quando 9/10 da África estavam já ocupados (por volta de 1900), quando todo o mundo estava já repartido, começou inevitavelmente a era da posse monopolista das colónias e, por conseguinte, de luta particularmente aguda pela divisão e pela nova partilha do mundo.

É geralmente conhecido até que ponto o capitalismo monopolista agudizou todas as contradições do capitalismo. Basta indicar a carestia da vida e a opressão dos cartéis. Esta agudização das contradições é a força motriz mais poderosa do período histórico de transição iniciado com a vitória definitiva do capital financeiro mundial.

Os monopólios, a oligarquia, a tendência para a dominação em vez da tendência para a liberdade, a exploração de um número cada vez maior de nações pequenas ou fracas por um punhado de nações riquíssimas ou muito fortes: tudo isto originou os traços distintivos do imperialismo, que obrigam a qualificá-lo de capitalismo parasitário, ou em estado de decomposição. Cada vez se manifesta com maior relevo, como urna das tendências do imperialismo, a formação de "Estados" rentiers, de Estados usurários, cuja burguesia vive cada vez mais à custa da exportação de capitais e do "corte de cupões". Seria um erro pensar que esta tendência para a decomposição exclui o rápido crescimento do capitalismo. Não; certos ramos industriais, certos sectores da burguesia, certos países, manifestam, na época do imperialismo, com maior ou menor intensidade, quer uma quer outra dessas tendências. No seu conjunto, o capitalismo cresce corri uma rapidez incomparavelmente maior do que antes, mas este crescimento não só é cada vez mais desigual como a desigualdade se manifesta também, de modo particular, na decomposição dos países mais ricos em capital (Inglaterra).

No que se refere à rapidez do desenvolvimento econômico da Alemanha, Riesser, autor de uma investigação sobre os grandes bancos alemães, diz: "O progresso, não demasiado lento, da época precedente (1848 a 1870) está, relativamente ao rápido desenvolvimento de toda a economia na Alemanha, e particularmente dos seus bancos na época actual (1870 a 1905), na mesma proporção aproximadamente que as diligências dos bons velhos tempos relativamente ao automóvel moderno, o qual se desloca a tal velocidade que representa um perigo para o transeunte despreocupado e para as próprias pessoas que vão no automóvel". Por sua vez, esse capital financeiro que cresceu com uma rapidez tão extraordinária, precisamente porque cresceu desse modo, não tem qualquer inconveniente em passar a uma posse mais "tranquila" das colónias, as quais devem ser conquistadas, não só por meios pacíficos, às nações mais ricas. E nos Estados Unidos, o desenvolvimento econômico tem sido, nestes últimos decenios, ainda mais rápido do que na Alemanha, e é precisamente graças a esta circunstância que os traços parasitários do capitalismo americano contemporâneo ressaltam com particular relevo. Por outro lado, a comparação, por exemplo, entre a burguesia republicana americana e a burguesia monárquica japonesa ou alemã, mostra que as maiores diferenças políticas se atenuam ao máximo na época do imperialismo; e não porque essa diferença não seja importante em geral, mas porque em todos esses casos se trata de uma burguesia com traços definidos de parasitismo.

A obtenção de elevados lucros monopolistas pelos capitalistas de um entre muitos ramos da indústria, de um entre muitos países, etc., oferece-lhes a possibilidade econômica de subornarem certos setores operários e, temporariamente, uma minoria bastante considerável destes últimos, atraindo-os para o "lado" da burguesia desse ramo ou dessa nação, contra todos os outros. O acentuado antagonismo das nações imperialistas pela partilha do mundo aprofunda essa tendência. Assim se cria a ligação. entre o imperialismo e o oportunismo, ligação que se manifestou, antes que em qualquer outro lado e de uma forma mais clara, na Inglaterra, devido ao fato de vários dos traços imperialistas de desenvolvimento aparecerem nesse país muito antes de aparecerem noutros. Alguns escritores, por exemplo L. Mártov, comprazem-se em negar a ligação entre o imperialismo e o oportunismo no movimento operário - fato que salta agora aos olhos com particular evidência - por meio de argumentos impregnados de "optimismo oficial" (à Kautsky e Huysmans) do género do seguinte: a causa dos adversários do capitalismo seria uma causa perdida se o capitalismo avançado conduzisse ao reforço do oportunismo, ou se os operários mais bem remunerados mostrassem inclinação para o oportunismo, etc. Não nos deixemos enganar quanto à significação desse "optimismo"; é um optimismo em relação ao oportunismo, é um otimismo que serve de capa ao oportunismo. Na realidade, a particular rapidez e o caráter singularmente repulsivo do desenvolvimento do oportunismo não lhe garantem de modo nenhum uma vitória sólida, do mesmo modo que a rapidez de desenvolvimento de um tumor maligno num corpo são só pode contribuir para que o referido tumor rebente mais cedo, livrando assim dele o organismo. O maior perigo, neste sentido, são as pessoas que não querem compreender que a luta contra o imperialismo é uma frase oca e falsa se não for indissoluvelmente ligada à luta contra o oportunismo.

De tudo o que dissemos sobre a essência econômica do- imperialismo deduz-se que se deve qualificá-lo de capitalismo de transição ou, mais propriamente, de capitalismo agonizante. Neste sentido é extremamente instrutiva a circunstância de os termos mais usuais que os economistas burgueses empregam ao descrever o capitalismo moderno serem "entrelaçamento", "ausência de isolamento", etc., os bancos são "empresas que, pelos seus fins e pelo seu desenvolvimento, não têm um caráter de economia privada pura, mas cada vez mais vão saindo da esfera da regulação da economia puramente privada". E esse mesmo Riesser, a quem pertencem estas últimas palavras, declara, com a maior seriedade do mundo, que as "profecias" dos marxistas a respeito da "socialização" "não se cumpriram"!

Que significa então a palavra "entrelaçamento"? Exprime unicamente o traço que mais salta aos olhos do processo que se está desenvolvendo diante de nós; mostra que o observador conta as árvores e não vê o bosque, que copia servilmente o exterior, o acidental, o caótico; indica que o observador é um homem esmagado pelos materiais em bruto e que não compreende nada do seu sentido e significação. "Entrelaçam-se acidentalmente" a posse de ações, as relações entre os proprietários particulares. Mas o que constitui o fundo desse entrelaçamento, o que se encontra por detrás dele, são as relações sociais de produção que mudam continuamente. Quando uma grande empresa se transforma em empresa gigante e organiza sistematicamente, apoiando-se num cálculo exacto duma grande massa de dados, o abastecimento de 2/3 ou 3/4 das matérias-primas necessárias a uma população de várias dezenas de milhões; quando se organiza sistematicamente o transporte dessas matérias-primas para os pontos de produção mais cômodos, que se encontram por vezes separados por centenas e milhares de quilometros; quando, a partir de um centro, se dirige a transformação sucessiva do material, em todas as suas diversas fases, até obter as numerosas espécies de produtos manufaturados; quando a distribuição desses produtos se efetua segundo um plano único a dezenas e centenas de milhões de consumidores (venda de petróleo na América e na Alemanha pelo trust do petróleo americano), então percebe-se com evidência que nos encontramos perante uma socialização de produção, e não perante um simples "entrelaçamento", percebe-se que as relações de economia e de propriedade privadas constituem um invólucro que não corresponde já ao conteúdo, que esse invólucro deve inevitavelmente decompor-se se a sua supressão for adiada artificialmente, que pode permanecer em estado de decomposição durante um período relativamente longo (no pior dos casos, se a cura do tumor oportunista se prolongar demasiado), mas que, de qualquer modo, será inelutavelmente suprimida.

Schulze-Gaevernitz, admirador entusiasta do imperialismo alemão, exclama:

"Se, no fim de contas, a direção dos bancos alemães se encontra nas mãos de uma dúzia de pessoas, a sua atividade é já, atualmente, mais importante para o bem público do que a atividade da maioria dos ministros" (neste caso é mais vantajoso esquecer o "entrelaçamento" existente entre banqueiros, ministros, industriais, rentiers, etc.). "... Se refletirmos até ao fim sobre o desenvolvimento das tendências que apontamos, chegamos à seguinte conclusão: o capital-dinheiro da nação está unido nos bancos; os bancos estão unidos entre si no cartel; o capital da nação, que procura a maneira de ser aplicado, tomou a forma de títulos de valor. Então cumprem-se as palavras geniais de Saint-Simon: "A anarquia actual da produção, conseqüência do fato de as relações econômicas se desenvolverem sem uma regulação uniforme, deve dar lugar à organização da produção. A produção não será dirigida por empresários isolados, independentes uns dos outros, que ignoram as necessidades económicas dos homens; a produção encontrar-se-á nas mãos de uma instituição social determinada. O comitê central de administração, que terá a possibilidade de observar a vasta esfera da economia social de um ponto de vista mais elevado, regulá-la-á da maneira mais útil para toda a sociedade, entregará os meios de produção nas mãos apropriadas para isso, e preocupar-se-á, sobretudo, com a existência de uma harmonia constante entre a produção e o consumo. Existem instituições que incluíram entre os seus fins uma determinada organização da atividade econômica: os bancos. Estamos ainda longe do cumprimento destas palavras de Saint-Simon, mas encontramo-nos já em vias de o conseguir: será um marxismo diferente do que Marx imaginava, mas diferente apenas na forma."

Não há dúvida: excelente "refutação" de Marx, que dá um passo atrás, que retrocede da análise científica exacta de Marx para a conjectura - genial, mas mesmo assim conjectura - de Saint-Simon.

quinta-feira, julho 23, 2009

Escárnios

Desatarei a fantasia em cauda de pavão num ciclo de matizes,
entregarei a alma ao poder do enxame das rimas imprevistas.
Ânsia de ouvir de novo como me calarão das colunas das revistas
esses que sob a árvore nutriz escavam com seus focinhos as raízes.

Obama

Suspensão da Helms-Burton durante seis meses?? Éna pá, "porreiro", quando é que entra em vigor?
Suspensão de um parágrafo da Lei Torricelli? Mas essa suspensão não tinha sido aprovada há décadas?
Eliminação da base de Guantanamo? Mas não tinha sido já?
Criação de estructura sanitária pública? Assim, pelo menos, a minha prima, a quem as seguradoras já não admitem por ter tido um câncro, poderá ser assistida. Para quando(porque eu também perdi o emprego)?
Retirada das tropas no Iraque? Até que enfim... E no Afganistão, Alemanha, Espanha, Geórgia, Paquistão, Kosovo, etc. Etc.
Um presidente veraz? Na América? E em Portugal, sabes alguma coisa??

quarta-feira, julho 22, 2009

Assistindo ao definhar do capitalismo

P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem que trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.

Quando os homens se convençam
que a força nada faz,
serão felizes os que pensam
num mundo de amor e paz.

Não sou esperto nem bruto,
nem bem nem mal educado:
sou simplesmente o produto
do meio em que fui criado.

Quantas sedas aí vão,
quantos colarinhos,
são pedacinhos de pão
roubados aos pobrezinhos!

Quem nada tem, nada come;
e ao pé de quem tem de comer,
se alguém disser que tem fome,
comete um crime, sem querer

Vinho que vai para vinagre
não retrocede o caminho;
só por obra de milagre,
pode de novo ser vinho.

Quem prende a água que corre
É por si próprio enganado;
O ribeirinho não morre
Vai correr por outro lado.

e com os receios espantados...

"Nunca soube se Carlos, o peruano, previu que a sua mão no meu ombro me atiraria para essa aventura. Lembro-me dele muitas vezes. E como não?! Se devo a esse quase desconhecido o grande salto que dei no tempo, antecipandome as dúvidas que iriam atormentar-me, por certo, durante mais uns anos!
Aprendiz no ofício, atirei-me de chapuz para dentro das dificuldades, com o gosto de lhe acrescentar mais algumas de minha conta. Não há como a juventude para espantar receios."

terça-feira, julho 21, 2009

¿Dúvidas?

Yuri Gagarin foi o primeiro cosmonauta que viajou ao espaço, o primeiro animal tinha sido a Laica. A primeira mentira espacial, para não destoar, pode ter sido americana.
Desde o desaparecimento, todos falecidos nas mais estranhas condições e a milhares de kilómetros de distancia, da equipa que gravou, sob a direcção de Stanley Kubrick - um projecto de Rumsfeld aceite por Nixon - um simulacro da alunizagem para "apresentar" à população caso a missão falhasse, muitas teorias se têm defendido.
Através deste vídeo podemos identificar diversas incoerências, contradicções, que impossibilitariam o mais crédulo de afirmar que o passeio luar foi um facto.
Contudo, e não será por acaso que a Fox - do Turner, mais um esbirrozito - se empenhou em apresentá-lo, no final do mesmo documentario podemos dar-nos conta de como se prepara, ainda, a população para perpetuar um dos maiores enganos de sempre.
Assim, afirma-se nesta peça que, o Japão, tinha em 2001, em projecto, a construcção de um foguetão com uma lente tão potente que rastrearia o sólo do nosso satélite milimétricamente. Porém, aconteceu que, esse projecto não viu a luz do dia, ou o "dark side of the moon".
Por outra parte, esta mesma noite, na TVE, canal privado da última aquisição imperialista, ouvi um jornalista, muito exaltado, descompensado até - se o conhecermos na sua função de pivôt dos serviços informativos, oferecendo adjectivos a todos aqueles que ainda não puderam acreditar em algo para o qual não têm provas abonatórias da sua veracidade senão contrárias. O que defendia o pseudo-manipulador era que, dentro de dois meses veremos imagens da lua, imagens de alta resolução, nas quais poderemos encontrar os despojos da diferentes missões Apollo.
Voltando à base, que não a Nevada, pregunto eu -Não caberia pensar que também essas imagens, se algum dia aparecerem, podem ter sido manipuladas, desta feita com apelo à moderna tecnologia actual?
Não seria possivel que, se algum despojo se encontrára, que o mesmo tivesse sido para a lua enviado, disparado?

Aqui fica um curioso trabalho:


A revolução é hoje!

domingo, julho 19, 2009

"A Imprensa e os Déspotas Alemães"

“Nossos leitores estão cientes do rápido progresso na Alemanha dos princípios republicanos e comunistas, que causaram terror incomum entre o bando coroado e seus assessores daquela grande confederação de nações [i.e. a Confederação Alemã]. Medidas adicionais de repressão estão, então, sendo postas em prática para investigar o crescimento dessas “doutrinas perigosas”, especialmente na "Prússia". Sabe-se que no ano de "1834", uma secreta Conferência de Plenipotenciários aconteceu em Viena, onde um Protocolo foi acordado, mas, apenas recentemente publicado, impondo as mais absolutas restrições à imprensa e proclamando e reforçando o “direito divino” dos Príncipes sobre todos os órgãos legislativos e populares de outra ordem. Assim, como um exemplo do princípio da “Sagrada Aliança” desse Protocolo atroz, podemos citar que o décimo-oitavo artigo afirma que:

Príncipes, que estão ameaçados em seus Estados por alguma infração das ordens protocoladas pelo decreto da Dieta de "1832", devem dissolver esses Estados e obter apoio militar do restante da Confederação.”

Nós devemos acrescentar, como prova de como a igualdade e a liberdade de imprensa é entendida na "Prússia", que ordens estritas foram dadas aos censores em Colónia, em Münster e outras cidades católicas, para não permitirem a republicação de qualquer parte dos julgamentos irlandeses que estão acontecendo. Um jornal alemão quis mandar um repórter ou correspondente para Dublin, mas, não havia esperança de autorização da publicação nem mesmo de sua carta. No entanto, a liberdade será triunfante, apesar das masmorras e baionetas deles.

E foi!

A revolução é hoje!

quarta-feira, julho 15, 2009

O futuro: o socialismo

"A tarefa política central na situação presente é a luta por uma viragem democrática. Mas o nosso horizonte e a nossa perspectiva são mais largos. A luta por soluções a curto prazo e a médio prazo não contradiz, antes, é um elemento constitutivo da luta por uma sociedade libertada da exploração do homem pelo homem, das grandes desigualdades e injustiças sociais dos terríveis flagelos do capitalismo.

Combatemos as concepções, campanhas, tendência e teorizações que visam criar a idéia de que o capitalismo é um sistema superior e final, de que a desagregação da União Soviética mostra o fim de uma utopia e o fracasso e a inviabilidade do socialismo.

A realidade mundial e a realidade nos países capitalistas está mostrando que o capitalismo, pela sua própria natureza exploradora, opressora e agressiva, não só se mostra incapaz de resolver os mais graves problemas da humanidade, como está agravando, no quadro das insanáveis contradições que se aprofundam na crise geral do sistema.

É inevitável um recrudescimento da luta dos trabalhadores, um novo ascenso das lutas revolucionárias, novos movimentos de libertação social, política, cultural e nacional, revigoramento do movimento comunista e revolucionário mundial, novas revoluções socialistas, tendo como objetivo fundamental a construção de uma sociedade melhor, uma sociedade socialista.

Em todo o mundo, a luta por tal objetivo recebeu inspiração, força e confiança na Revolução de Outubro de 1917 na Rússia, cujas realizações, conquistas e experiências, e cuja influência no desenvolvimento e vitórias da luta libertadora dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo, é incontestável. Continuamos a considerar a Revolução de Outubro e a construção do socialismo na União Soviética como fazendo parte do patrimônio e experiência histórica de valor universal.

Ao longo do século XX multiplicaram-se revoluções socialistas e nacional-libertadoras. As experiências diversificaram-se. Alcançando grandes vitórias e grandes conquistas para os trabalhadores e para os povos. Ruiu o sistema colonial. Mas o processo universal, que parecia progressivo e ininterrupto, sofreu grandes derrotas e foi obrigado a consideráveis recuos. Por um lado porque o capitalismo mostrou potencialidades que haviam sido menosprezadas. Por outro lado, porque se verificaram fenômenos e evoluções em países socialistas, contrariando objetivos fundamentais sempre proclamados pelos comunistas.

Aprendendo com a experiência, o nosso Partido definiu o seu próprio projeto de uma sociedade socialista para Portugal cujas linhas gerais o nosso Congresso confirma.

A nossa própria experiência das conquistas de Abril mostra, porém, que num processo revolucionário, a intervenção determinante e criativa das massas populares introduz elementos novos e corretos de projeto inicial.

Seria absurdo pensar para a superação do sistema sócio-econômico do capitalismo existe um “modelo” de processo revolucionário e um “modelo” de sociedade socialista de aplicação e validade universal.

O capitalismo demorou séculos para tornar-se um sistema mundial e teve pelo mundo as mais variadas formas de economia mista e as mais variadas formas de regimes políticos. É imprevisível (as experiências do XX reforçam a previsão) que o socialismo e o comunismo venham a ter um percurso histórico igualmente irregular e desigual nos caminhos e nas soluções.

Esta visão da história é, a nosso ver, necessária para a compreensão das experiências passadas e para melhor ajuizar das experiências presentes e das revoluções socialistas do futuro.

Um dos traços da situação mundial presente é violenta e brutal ofensiva do imperialismo (intervenções militares, guerras declaradas e não declaradas, bloqueios econômicos, pressões diplomáticas, estrangulamentos financeiros, ações de terrorismo de Estado) para restabelecer e conseguir estabilizar sua hegemonia mundial e impedir o novo surto que consideramos inevitável na luta revolucionária dos trabalhadores e do povo.

O imperialismo apóia ferozes ditaduras e regimes autoritários, tudo faz para sufocar e dividir o movimento operário, liquidar os movimentos sindicais de classe, dividir e abafar as forças progressistas, liquidar, perverter ou reduzir a uma insignificante influência os partidos comunistas, colocando fim, se pudessem, ao movimento comunista internacional e a perspectiva do seu novo desenvolvimento co outras forças revolucionárias.

E também, com caráter estratégico tentar cercar, abafar, criar condições para restaurar o capitalismo e impor com seu domínio em países que (com soluções diversas) insistem em definir com sua orientação e seu projeto a construção de uma sociedade socialista.

As forças do imperialismo atingem um cinismo sem limites. Ao mesmo tempo que apóiam os mais sanguinários governos facetas e autocráticos e que nos seus países abafam as liberdades e a democracia e desrespeitam elementares direitos humanos, invocam a democracia e os direitos humanos para desencadear colossais campanhas e agressões contra outros paises.

O projeto e proposta de nosso Partido de uma sociedade socialista para Portugal diferencia-se em muitos aspectos da construção do socialismo proposto ou em curso em outros países.

O XV Congresso confirma, porém, a nossa frontal recusa em participar nas campanhas do imperialismo e a nossa determinação em aprofundar e reforçar os laços de cooperação, solidariedade recíproca e amizade com os partidos comunistas e revolucionários, com os trabalhadores e com o movimento operário, com as forças progressistas, com os partidos no poder que insistem no objetivo de construir o socialismo nos seus países.

Eles aqui estão representados no nosso Congresso, e aqui os saudamos fraternalmente, assim como saudamos as delegações de partido comunistas, de outros partidos revolucionários e progressistas, e de organizações e movimentos sociais.

A situação mundial impõe cada vez mais a compreensão, a solidariedade recíproca, ações comuns ou convergentes na luta contra o imperialismo.

O nosso XV Congresso confirma que o PCP continuará a dar a sua contribuição com esses tão imperiosos objetivos."

terça-feira, julho 14, 2009

A evolução de um inconformado?

Imaginas o motivo pelo qual esta canção foi proibida no 11/9?
Imaginas quem realmente assassinou e calou este Homem?
Imaginas quantas alvoradas provocou esta canção?
Imaginas um "today" não sendo a realidade?
Imaginas o comunismo de outra forma?




A revolução é hoje!

domingo, julho 12, 2009

Democracia??



A revolução é hoje!

quarta-feira, julho 01, 2009

Até já!

Por encontrar este o momento oportuno, vou suspender a actividade blogosférica.
Até voltar, e numa tentativa de deixar patente a posição deste blog, aqui ficam alguns exemplos de música erudita revolucionária, revolucionária enquanto retira o papel hegemónico de algumas notas à escala pentatónica ou, pelo menos, outorga um peso comum a todas elas:







A revolução é hoje!